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quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Comunicar fica em segundo plano na política


Para especialista, jornais de bairro, rádios comunitárias e conselhos municipais deveriam ganhar mais espaço

por Karina Babá Tubota (para o Hoje Jornal)

Levantamento realizado pelo Fórum de Democratização da Comunicação (FNDC), de Porto Alegre (RS) revelou que 106 candidatos a prefeitos das 26 principais capitais do Brasil e do Distrito Federal desconsideravam as políticas públicas de comunicação ou desconheciam seu significado. E que 11 políticos ou 10,37% do total, abordaram o tema de forma errônea, entendendo o assunto simplesmente como adoção de governo eletrônico e de práticas de inclusão digital.

Segundo o secretário do FNDC, Pedro Osório, a definição de política pública de comunicação vai além. "As políticas públicas de comunicação compreendem processos relativos à tecnologia, digitalização, telefonia, rádios comunitárias, normas de regulação de produtos de comunicação e ao pensar a qualidade e conteúdo dos meios de comunicação", define.

Somente 11 candidatos responderam sobre a existência e contéudo das políticas municipais de comunicação em seus planos de governo. E só uma das candidaturas referiu-se ao Conselho Municipal de Comunicação e à realização da Conferência Nacional de Comunicação.

Em geral, os entrevistados não sabiam distinguir as medidas necessárias para adotar planejamento e programas de estímulo e viabilização de rádios comunitárias, o fortalecimento de pequenas empresas de comunicação, a educação para a mídia, o esboço de formas de controle público sobre a mídia local ou o uso dos rescursos de comunicação.

Conforme Osório, alguns citaram propostas de inclusão digital, expansão de banda larga e acriaçaõ de lans houses. "É preciso incentivar as rádios comunitárias, os jornais de bairro, a criação de Conselhos de Comunicação municipais e questionar o papel dos meios de comunicação, já que não existe o estímulo federal", declara.

Diante do resultado, Osório observou que há uma tradição no Brasil da apropriação do público para o privado. "As concessões de rádio e TV estão no poder de algumas pessoas. E o assunto é pouco discutido na mídia, o que deveria produzir conhecimento", afirma.

Ao defender o debate junto à sociedade, Osório entende que se deveria refletir sobre o que a população recebe, se interessar e participar de eventos. Além disso, as entidades sociais deveriam incentivar a consciência crítica. "Quando abro a torneira e há algo errado, tenho para quem reclamar. Se um programa fere meus direitos, é diferente. É preciso que os políticos notem que não é uma situação normal os governos controlarem a comunicação. Deveriam olhar como uma realidade a ser mudada", diz.

À frente de uma entidade que estimula ações de democratização da comunicação, Osório acredita que houve a ampliação da discussão, porém ainda vê a questão com pessimismo. "Vejo com certo grau de dificuldade e pessimismo. Desde o governo de FHC, houve retrocesso, pois não se abriu para a participação. Como o governo Lula, se abriu mais o debate e avançou com a criaçaõ da TV pública,a TV Brasil, porém há um longo caminho a ser percorrido", analisa.

domingo, 16 de novembro de 2008

Poder na mão de poucos

por Karina Babá Tubota

Hoje, é muito fácil e rápido trocar informações e, na internet, se tornam muito mais acessíveis em qualquer parte do mundo, na forma de globalização de conhecimentos e de liberdade de expressão, não de inclusão digital. Porém, os gigantes da era industrial, sobretudo empresas de telecomunicações, querem cercear o poder e figuram como vilões da democracia na comunicação.
Em 2005, a Federal Communications Commission (Comissão Federal de Comunicações) dos Estados Unidos acabou com a lei de neutralidade da rede, de forma a criar diferenciação para os provedores de acesso e as empresas que pagassem mais teriam vantagens como acessibilidade mais rápida ou mesmo isenção de pagamento, a velha lei do quem paga mais, pode mais.

Assim, não há espaço para novos conceitos e idéias e as pequenas empresas acabam oprimidas, o que contraria o propósito do criador da worl wide web, Berners-Lee, de um modelo aberto de troca de informações, conhecimentos e de idéias...

As empresas de telecomunicações parecem estar de acordo com a não neutralidade da rede, mas pelo menos, nos Estados Unidos, Barack Obama parece estar ao lado do modelo mais democrático. Longe de discussões políticas, é preciso que o mundo ganhe a liberdade de ser multicultural, parcial, consciente, participante e organizador. Ponto para ele se suas intenções são boas, mas precisam sair do papel. Mais uma vez começa por lá para só depois chegar aqui no Brasil. Mas, já é um bom começo...

A verdade é que a lei de propriedade de idéias está ameaçada, porém o conhecimento é justamente crescente quando se é compartilhado. O crítico literário e dramaturgo George Bernard Shaw definiu esse conceito muito bem. "Se você tem uma maçã e eu tenho uma maçã e trocamos estas maçãs, então eu e você teremos ainda apenas uma maçã. Mas se eu tenho uma idéia, e trocamos nossas idéias, então, cada um de nós terá duas idéias".

Para isso se tornar realidade também é essencial construir uma política pública de convergência digital e promover o acesso universal e gratuito à internet por meio da banda larga, assim como incentivar as ações de realidade alternativa e participativa.

A neutralidade da web, portanto, é um elemento essencial para que se estabeleça a liberdade de expressão e a diversidade na internet. O conhecimento não nos pode ser negado.

Na conferência Brainstorm Tech, o professor de Stanford e fundador do "creative commons", Lawrence Lessig alertou nos recentemente (em setembro) que o próximo plano de ataque terrorista do governo dos Estados Unidos poderia ser realizado via web com um bombardeio de vírus ou com um sistema de hackeamento do sistema de segurança ou transporte de alguma grande cidade ou coma fusão dessas prerrogativas.


A seguir um trecho da sua fala na conferência traduzida para o português:



"Vamos assistir a um i-9/11. O que não necessariamente quer dizer que seja um ataque da Al-Qaeda. Significa que teremos um evento em que a instabilidade ou a insegurança da internet se tornará clara durante uma situação mal intencionada, que inspirará uma resposta do governo norte-americano. Vocês se lembram do Patriot Act, que foi cogitado logo após os ataques de 11 de setembro e que foi aprovado em menos de 20 dias.

O Patriot Act é enorme e eu lembro de perguntar a um oficial do departamento de justiça como que eles escreveram uma série de leis tão rapidamente e a resposta foi que ele já estava pronto na gaveta do departamento de justiça nos últimos 20 anos, esperando só o momento certo para ser sacado e colocado em prática.

Claro que o Patriot Act é cheio de várias maluquices sobre se os nossos direitos civis estão ou não protegidos e sugestões de mudanças. Então outro dia jantei com Richard Clarke e o perguntei se existiria um equivalente, um Patriot Act digital, prontinho para ser usado caso um evento de grandes proporções aconteça. Uma série de leis que transformaria radicalmente a forma como a internet funciona. E ele disse: ’claro que há’”.

A seguir, alguns vídeos em que Laurence Lessig fala sobre como a neutralidade da internet está ameaçada e como a lei sobrepuja o direito à liberdade de ir e vir na internet:










Discussão sobre neutralidade na web ressurge


14/11/2008
Redação
Info Abril

WASHINGTON - Um importante legislador norte-americano entregará um projeto de lei em janeiro que visa impedir provedoras de acesso à internet de bloquearem certos conteúdos.

A sugestão de lei reiniciará a discussão a respeito da neutralidade na internet.

O senador Byron Dorgan, um democrata do norte de Dakota, acredita que uma regulamentação é essencial para proibir empresas de telefonia e de cabo de discriminarem sites e serviços.

“Realmente nos parece que uma lei é necessária”, disse Frannie Wellings, conselheiro de telecom de Dorgan, em discurso feito durante um evento da Universidade de Nebraska.

A guerra da neutralidade na rede coloca provedoras de serviço de web (da sigla em inglês ISPs) como a AT&T contra empresas que produzem conteúdo, como o Google e a Microsoft.

Os ISPs alegam que precisam gerenciar o tráfego nas suas redes, sem a interferência do governo, para conseguirem oferecer o serviço adequadamente a todos os usuários.

O presidente norte-americano recém-eleito, Barack Obama, apóia a neutralidade da internet.

A velha mídia está para desaparecer?

por Karina Babá Tubota

É preciso inovação na forma de olhar o mundo e nas próprias visões dos organizadores da notícia. A novela, o telejornal, os programas televisivos em geral, tanto os da TV aberta como a cabo são margeadas e definidas a partir de cópias, esteriótipos e idéias já pré-concebidas e de sucesso.


Mas, o público quer muito mais do que isso, deseja conteúdo. O zap do controle remoto já não o mais sacia e o telespectador acaba por desligar a televisão e acessar a internet, onde pode ter mais liberdade de escolha e interagir com o outro, mesmo que virtualmente.

Um levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostrou que o percentual de internautas brasileiros 15 a 17 anos subiu para 33,9%.
Desse mesmo modo, os que mais acessam a internet se situam nos que possuem faixa de renda e tem um nível de escolaridade maior, porém nas classes mais baixas, verificou-se que os mais jovens também são os usuários da web mais comuns. E somente 7,3% tinha acima de 5o anos. E 90% dos jovens utilizam para fins educativos e para lazer e entretenimento.

É muito díficil que a TV, assim como o rádio, o jornal, a revista desapareçam, podem até perder a eficácia persuasiva, mas sempre haverá público para todas as mídias. Só que a internet permite aliá-las e, ainda que não acabada em suas fruições, mediações e capacidade de desenvolvimento, permite olhar para o futuro com um pouco menos de crueza e mais poder de mudança para um mundo mais democrático. Não é fácil e rápido como a navegação, mas não é uma utopia.

Está evidente que a TV não educa mas, muitas vezes, não cria alternativas de pensamento crítico, de realidade. Não que o livro dê mais "audiência" do que a TV, mas o processo começa pelo acesso ao conhecimento não imposto, mas sim interativo, que faz o cidadão refletir sobre um assunto, buscar novos métodos e associações para um trabalho, sem se tornar escravo da mídia dominante, dos mesmos padrões de ver o mundo e das idênticas formas de comunicação.

A internet ainda permite certa liberdade. Lutemos para não perder esse livre caminhar de ações e permissividades...




Mudanças nos hábitos de ver TV fazem a audiência cair e 'envelhecer'

13/11/2008

Keila Jimenez - Observatório do Direito à Comunicação


Presidência da República
Janete Clair dizia que novela é como um grande novelo de lã, quando a gente vê, já está enredado nela. Mas hoje, nesse tricô de Globo, Record e cia., andam faltando pontos. Literalmente...
A Globo amarga as piores médias da história com suas tramas atualmente no ar. Na Record, não é diferente. As audiências festejadas na casa dos 20 pontos estão cada dia mais distantes. A Band pôs suas barbas dramatúrgicas de molho. No SBT, a novela da mulher do patrão segue na espera, temerosa, enquanto a reprise de Pantanal atrapalha a concorrência.

Dá-lhe então um pacote de especialistas com explicações para a crise, que vão da velha desculpa do trânsito caótico, que atrasa a chegada das pessoas em casa, à fuga para a web e TV paga. Ou só cansaço do gênero...

Web e jovens
Há um pouco de tudo isso, apontam os estudos. A migração de público para internet é evidente: em 2007 foram vendidos no País 10,5 milhões de computadores, ante 10 milhões de aparelhos de TV. Em menos de 10 anos, pulamos de 1 milhão para 42 milhões de internautas e 10 milhões desses são navegantes de banda larga.
Ah, então quer dizer que a fuga da TV é generalizada? Sim e não. Há mesmo menos pessoas vendo TV aberta, mas essa queda não é sentida em todos os horários. O número de TVs ligadas na Grande São Paulo pulou de 45,2% em 2006 (média diária) para 44,5% este ano, até outubro - queda de menos de 1 ponto porcentual. No entanto, a turma que desligou o televisor no horário das novelas é maior: na Globo, o share (participação entre o total de TVs ligadas) na trama das 6 caiu de 56% (2006) para 40,9%(2008). Na faixa das 21h, o share despencou de 67,4% (2006) para 59%(2008).

"A queda tem razões e proporções diferentes nas emissoras. Na Globo, as audiências estão caindo por causa dos efeitos da concorrência", ataca o autor de novelas da Record, Tiago Santiago. "Já aqui, o ibope caiu porque sofremos a concorrência inesperada de Pantanal e também por conta do horário eleitoral, que derrubou o número de TVs ligadas." Santiago descarta crise do gênero e a debandada dos telespectadores mais jovens. Sim, além de perder ibope, o horário nobre da TV aberta está envelhecendo. Daí a corrida frenética para produzir folhetins que seduzam esse público.

"Tentar fisgar jovens para as novelas é chorar o leite derramado. Estudos mostram que há tempos eles não são o público forte das tramas e, agora, com a diversidade de mídias, essa fuga ficou mais evidente", explica a professora da USP Maria Thereza Fraga Rocco, que realiza estudos sobre TV. "A tendência, não só nas novelas, é a concentração de público ser menor. As pessoas vão ver vídeos na web, TV paga, vão ter outros interesses. A TV não vai perder a importância que tem, mas terá de aprender a dividir."

O autor Silvio de Abreu concorda e acha injusto jogar o peso da queda de audiência só nos folhetins. "Se você olhar pela porcentagem da audiência, mesmo com índices menores - resultado de menos aparelhos ligados - a novela das 9 da Globo é ainda o programa mais assistido", fala .

Segundo o diretor de Mídia da DPZ, Flávio Rezende, o momento é de mudança, não de pânico. "Novela boa continua sendo produto forte para os anunciantes, vide o desempenho da reprise de Pantanal no SBT", fala. "A queda de ibope com a migração para outras mídias existe, mas talvez esses números virem quando começarem a aferir audiência na mobilidade. Cada vez mais pessoas assistirão a conteúdo em seus laptops, TVs portáteis, celulares...", continua. "Você não vai precisar correr para casa para ver o último capítulo da novela, verá no ônibus, no carro, no avião. As pessoas não vão deixar de ver TV, é o jeito de se ver TV que está mudando."

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