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quinta-feira, 30 de outubro de 2008

A hora da virada

por Karina Babá Tubota

Foto: Nerd Fest 2006

A polêmica da TV digital e de um modelo ideal de transmissão com a utilização dessa tecnologia, com interatividade, democratização, imagem perfeita, alta definição e mobilidade ainda é utopia. Em análise a partir do conteúdo do livro "Admirável Mundo Novo", de Adlous Huxley, a sociedade está condicionada ao modelo imposto pela cúpula que criam seres em laboratório, no caso, pelo governo.

A alta tecnologia, o "HD" escrito nas telas da televisão das grandes lojas só servem para nos enganar quanto à qualidade do que iremos assistir. A TV democrática, então, é praticamente objeto de inexistência social.

Foram anos de discussão descartáveis ao final do processo evolutivo. Os debates e consultas públicas, as conferências, estudos, incentivos à pesquisa e ao desenvolvimento, conversas formais e informais, as reuniões de diversos setores da sociedade e o apoio de diversos setores empresariais caíram na marginalidade, pois foram completamente ignorados pelo modelo adotado, o HDTV japonês, o que contrariou todos os processos democráticos de comunicação e estabeleceu padrões e justificativas em inovações mercadológicas. Mais uma vez, o público, a sociedade, os grupos incentivadores e, principalmente, os telespectadores foram desrespeitados.

Em primeiro lugar, é um modelo que demanda um poder econômico que os brasileiros não têm, porque essa tecnologia é de alto custo. Além disso, é um padrão fechado e estabelecido com um país que não tem proximidade, nem uma comunicação ideal com o Brasil, o Japão. Falar sobre a melhoria da imagem é risível. Conforme uma pesquisa do CPqD de 2004, acima de tudo, os brasileiros desejam a melhoria na qualidade de imagem da televisão e não em mais canais.

Diga-se de passagem, a cultura da passividade ainda é dominante e assistir televisão é considerado pela maioria da população como forma de entretenimento e diversão e não tanto de informação. Quem quer realmente informação aprofundada, prefere ler o jornal ou uma revista específica. A publicidade e os conglomerados aproveitam-se disso.

No Brasil, a maioria da população assiste TV, porque a tem em casa e por falta de melhores alternativas. Só que os "grandes" não querem que o quadro mude, pois a manipulação seria prejudicada e seus bolsos também. E cadê a interatividade? O telespectador fala para si mesmo, no máximo dialoga com sua família, mas não tem participação e poder sobre o conteúdo do que assistem.

Todo esse panorama mascara a realidade. A verdade é que as grandes emissoras, a fim de consolidar seus monopólios afirmam que as pessoas desejam assistir novela, futebol e programa de humor em alta definição, em HD, mas não há pesquisas que demonstrem isso.

Ao contrário, muitas pessoas se vêem cansadas do mesmo conteúdo e não enxergam opção ou saída ao procurar um programa televisivo. Para usufruir do potencial de uma imagem com essa qualidade, é preciso ter um aparelho de TV com excelente definição de imagem e o tamanho mínimo de 16 polegadas, o que só faz parte da realidade de uma classe abastada, porém minoritária. Outra ilusão são as tvs de LCD e plasma, pois são inferiores ao padrão prometido pelo modelo brasileiro.

Portanto, o dinheiro público é utilizado pelo governo para o financiamento da TV digital, como os R$1 bilhão investidos no programa BNDES (PROTV) como o sistema brasileiro de TV digital. Uma alternativa para se democratizar a televisão está na expansão da internet como meio de levar informação para a sociedade. Porém, as grandes emissoras já estão de olho no meio, só que é muito mais díficil fazer o internauta ser fiel a determinado site ou programa. Com isso, a televisão, cada vez mais, perde espaço para a internet, porque esta já é democrática por si só.

E, pesquisas já constataram que as pessoas têm interesse em participar do processo de comunicação. Na internet, ela escolhe o que quer ver, interage, multiplica, faz e desfaz sem ser tratada como mero espectador, mas como usuário e agente. Porém, há um longo caminho que esbarra no progresso tecnológico (um vídeo carrega muito o site e o deixa lento, além de que assisti-lo na tela ainda não é muito agradável durante longo tempo) e na acessibilidade da internet à toda população, que está distante de ser concretizada, mas é uma luz no fim do túnel.
Afinal, o Admirável Mundo Novo é distópico.

Não queremos uma sociedade em que somos manipulados e vistos como produtos, mas sim um lugar em que somos ouvidos e respeitados.

Será difícil controlar o que é visto na internet, mas temos que ser rápidos por o poder sempre cai nas mãos errada nesse mundo aonde o dinheiro, a ilusão e o olhar mercadológico valem mais do que mil tecnologias...

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